Wednesday, April 23, 2008

Alergia alimentar é coisa de primeiro mundo?

Ao longo dos meus modestos 22 anos vividos no Brasil, conheci apenas uma pessoa que tinha alergia alimentar: o Mellinho, que não podia comer carne de porco. Coitado, nada de lingüicinha ou presunto pra ele. No mais, todos seguiam a máxima "o que não mata, engorda". Obviamente eu sabia que algumas pessoas não digeriam leite de vaca, ou tinham problemas com frutos-do-mar, mas eram casos isolados, algo raro.

Quando cheguei aqui nos EUA, descobri que todo mundo tinha alguma alergia alimentar -- ou melhor, uma lista de alimentos proibidos. O Kurt não pode comer castanha-do-pará (aqui chamada de Brazil nuts, para pontuar a ironia); a Sherrill é alérgica a glúten (aliás, atualmente, todo mundo é alérgico a glúten por aqui, é moda); e o Oscar supostamente não podia beber leite de vaca (ha ha ha, tá bom, viu).

Juro que não entendi nada. Na escola onde o Kurt trabalha, há um quadro gigante com o nome dos alunos e respectivas alergias alimentares. Certas crianças são alérgicas a amendoim e se, por um descuido do professor, elas engolirem um peanut, podem até morrer. God forbid! Eu vivo dizendo pra ele que esse lance de alergia aqui nos EUA é histeria coletiva. No Brasil, a gente é alérgico a pó, mofo, pêlo de gato, mas nunca vi criança morrendo de alergia a pé-de-moleque. Por que é que num país de primeiro mundo as pessoas desenvolvem tantas intolerâncias alimentares?

Ontem finalmente encontrei uma "luz" pra minha questão num artigo da Harper's que falava sobre o leite consumido nos EUA e no Canadá. A matéria tratava do mercado negro do leite cru -- aqui todo leite comercializado deve ser pasteurizado. Muita gente acredita nos benefícios das bactérias contidas no produto in natura e continua comprando leite cru direto dos fazendeiros. Estes, no entanto, são acusados de ameaçar a saúde pública e alguns já estão até na cadeia.

O artigo dizia que, no Brasil, as mulheres possuem anticorpos contra certas bactérias malvadas do leite de vaca e imunizam seus bebês através do leite materno. Isso porque no Brasil as pessoas ainda bebem leite ao pé da vaca e, com isso, nosso organismo aprende NATURALMENTE a eliminar os agentes agressores. Enquanto isso, nos EUA, criança que toma leite cru pode parar no hospital contaminada por E coli.

Acredito que o mesmo princípio se aplique à intolerância alimentar dos americanos. É tanta paranóia com pasteurização e esterilização de alimentos que eles acabaram prejudicando o próprio sistema imunológico. E dá-lhe comida processada!
No meio de tudo isso, fico pensando que daqui a um mês e meio, mais ou menos, o Lucas vai começar a comer frutas e legumes. Pra evitar as alergias alimentares, os americanos desenvolveram uma lista de "Dos and Donts" do tipo "não dê suco de laranja ou nenhum alimento cítrico antes de 1 ano; nada de mel ou amendoim", e outros mil conselhos. Hummmmmm... acho que vou levá-lo pra comer um queijinho da Dona Filhinha!

6 comments:

Anonymous said...

Eita, quanta frescuragem!
Sorte que fomos tratados a muito leite ao pé da vaca, fruta comida no pé, queijo da Dona Fihinha, Café com leite + farinha(A La "Seu" Tibucio) e comidinha caseiras!
Caso o fato se confirme, ja imagino o Lucas batendo um pratao de arroz, feijao e "franguin frit" (com farinha, obvio!), aos dois aninhos de idade e pedindo mais!
Hehehe
Vou ler os outros textos irmanzita!
Bjoss

Bia said...

Oi Carol!
Legal sua decisão de voltar à ativa no blog! Dá para dividir muita experiência! Não posso acreditar que o Lucas está de pé!!! Essas crianças estão realmente cada vez mais avançadas! O Lucas está lindo, fofíssimo!
Sobre alergias: eu ando reparando no crescente números de bebês que nascem alérgicos à lactose. Saiu uma matéria enorme esse mês na Pais&Filhos sobre isso e o jeito é partir para a soja. Mas também não há explicação para esse aumento no número de alérgicos desde o nascimento!
O jeito é dar graças a Deus que nossos filhotes curtem um leite e têm nossos anticorpos!!
Beijão pra vcs!

Anonymous said...

Hummm... seguindo o raciocínio a Jô é a mulher mais imunizada, blindada e resistente que eu conheço. Bjos, bjos, bjos.

TIago Mali said...

Carol, a respeito disso, gostaria de informar: O mellinho, depois de anos, hoje venceu a frescuragem e come de tudo. Foi só tentar e pronto. Hoje, ele tem uma chapa em casa onde faz liguiça acebolada aos domingos. Ou seja, você não conhece nenhum brasileiro com essas bichisses.

Jossiely said...

Carol.. acho que eu não sofro deste mal... akakaka

Scheila Cristiny Rouhana said...

ola !eu sempre me alimentei de forma saudavel sem comidas industrializadas e enlatados, minimo posso dizer que sou do sitio!e meu bebe desde q nasceu gritava,depois de 5 meses descobri alergia a proteina do leite soja e laranja.diferente q lactose q um açucar que a criança nao tem enzimas p digerir. ja levei variasv vezes quase morto p o hospital! e nao e frescura. e no brasil ta cheioooo de crianças com este problema, mas lugares de 1 mundo dao atençao aos problemas da POPULAÇAO, DAI DA IMPRESSAO Q TODOS TEM.Mas nao e frescura nao vc ofende as pessoas que lutam contra esse problema e que cada vez q vao ao mercado pensa pq q dentro de um empanado tem q ter proteina do leite dentro da geleia tambem...afff